Qual o seu jeito de morar?
Um projeto do fotógrafo francês Baudoin, nos chamou a atenção.
É que ele resolveu descobrir como vivem as parisienses e por seis anos fotografou 75 francesas em suas casas, revelando assim o VERDADEIRO jeito de morar das mulheres de Paris. Ricas ou sem grana, jovens ou maduras, todas elas expressam a diversidade de estilos da cidade mais glamurosa do mundo. Um registro encantador e inspirador!

O chão desgastado pelo tempo e pelo uso, o excesso de objetos no ambiente…um lar possível e verdadeiro…

Objetos herdados da família, móveis antigos…aqui, para se fazer um lar, não foi preciso recorrer à modernidade…
E aí, observando a foto dessas mulheres, pensamos: como é o jeito de morar das brasileiras? Mas o jeito REAL, longe daquelas fotos produzidas para as revistas de decoração. Como deve ser a casa de uma pessoa criativa, que imprime em cada ambiente a sua marca, a sua visão de beleza?
Fomos a Goiás, visitar Nara de Los Angeles, jornalista e artesã que enfeita o lar com o coração. Fã da simplicidade das casas do interior, com direito a ‘forrinhos’ sobre móveis e imagens de santos, essa alquimista do décor gosta de misturar os presentes que ganha, com a arte que produz e objetos da infância. Para ela, a composição dos espaços revela o estado de espírito do dono da casa. “Como a vida é movimento, a decoração do meu ninho nunca está pronta”, confessa .

A cama de ferro foi feita pelo pai de Nara. Nas paredes retratos antigos e imagens de santos, entre eles o de Nossa Senhora de Guadalupe, a santa de devoção .
Conhecendo a casa colorida e festiva de nossa personagem, que assina seus trabalhos artesanais como Nara Pim, fomos perguntar a essa moça sensível e antenada se realmente poderíamos dizer que existe um “jeito de morar legitimamente brasileiro”.
Em suas andanças por esse Brasil, Nara descobriu que algumas manifestações se repetem, principalmente em cidades do interior e na zona rural. “Quadros ou imagens de santos, por exemplo, costumam estar presentes, assim como as flores de plástico em vasinhos, cristaleiras evidenciando objetos do passado, fotos da família nas paredes, colchas e tapetes de retalhos ou tear, além da disposição dos móveis”, conta .
Para ela, assim como para nós também, o importante é que a ambientação da casa seja única e que traga a história de seus moradores. Sem imitações. Porque história é aquilo que cada um pode fazer com a própria vida…

A máquina de costura ganha a companhia de lembranças de viagem e presentes. “Ainda que, a princípio, uma ou outra peça não “casem” com meu estilo, eu sempre encontro um jeito de adaptá-la ao contexto do ambiente”, diz Nara.


Cores marcantes, molduras de estilos diferentes, gravuras e fotos. O mix que deu certo e que é a cara de Nara.

O espaço “em composição” , como define a jornalista, corresponde ao cantinho de trabalho, instalado no quarto.

E já da sacada, a casa de Nara Pim, sorri em forma de flores e casinhas para os pássaros que ali quiserem morar…
Fotos: Nara Pim